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segunda-feira, 1 de maio de 2017

EM 1958, O SOPRO DA VIDA QUE IMPUSIONAVA MINHAS ANDANÇAS DESPEJOU-ME, LITERALMENTE, NA RICA UBERABA (MG) DE TANTOS EVENTOS SOCIAIS, ECONOMICOS E CULTURAIS.



Mas, despejou-me, logo em Uberaba, a troco de quê?

Ah! Porque a exuberante cidade de Uberaba era muito famosa, quer ao seu entorno, quer, quiçá, no mundo inteiro. Por de todos serem muito conhecidas, suas tão decantadas primícias: - a pujança de sua pecuária de corte e reprodução; - a beleza de suas meninas de pernas grossas, de tanto caminharem por ladeiras íngremes acima; - a efervescência pujante de sua vida cultural: - escolas de todos os tipos e pra todos os gostos, e o desabrochar definitivo dos cursos superiores de filosofia, odontologia e medicina etc etc; - a boniteza  de suas solidas construções, quer conventuais, quer residenciais e outras; - a conhecida rivalidade acirrada, ora velada, ora explicita, entre o Bispo, Dom. Alexandre do Amaral, intelectual de primeira linha, e os intelectuais espíritas, tão cultos e sábios quanto ele, e generosíssimos de quebra; e, ah, por tantas outras coisas mais etc etc

Portanto, por esses e por tantos outros porquês, é que, naquele meu agora, ali estava eu em Berabão (junção de Uberaba com êta, trem bão) sem lenço nem documento, sem um centavo nos bolsos e, aparentemente sozinho, a questionar-me mais uma vez: - E agora, Romildão?!
Respondia-me então a mim mesmo: - Vamos pagar pra ver!

No que tange a hospedagem, logo que cheguei, eu me aboletei em uma pensãozinha qualquer, acostumada a acolher estudantes forasteiros. Bem pertinho da praça da catedral. Quanto à matricula, eu já a fizera antecipadamente, no colégio do celebre, Mario Palmerio, para o período noturno. E durante três longos anos de minha vida, eu fui aprendendo a conhecer Uberaba e a permitir que ela me acolhesse. Mas, logo de inicio, eu pensara ter feito uma péssima escolha de horário pra estudar. Porque me deitava a altas horas, e levantava-me quase na hora do almoço. À tarde, ou voltava a dormir, ou ia bater pernas pelos quatro cantos da cidade. Contudo, eu estava totalmente enganado! Graças a Deus, não tive o discernimento suficiente para pedir transferência para o turno matutino. O que teria sido mais coerente para quem pretendia ser o que somente eu e Deus sabíamos o que era.

Todavia, enfim, Deus tinha outros planos para mim. Tanto é que, em compensação, por estudar à noite, tive a imensa felicidade de conviver com colegas e colegas que trabalhavam, desde a mais tenra idade, sem problema algum. No caso, o meu bom amigo Paulo, uma pessoa de coração lindo. Todos os sábados e domingos, eu e Paulo íamos à casa de sua namorada para estudarmos para alguma prova que aconteceria na segunda feira vindoura. Eles riam muito de mim, que me perdia em imitar todos os professores com grande maestria.

Bem como, também, estudar à noite, proporcionou-me inesquecíveis oportunidades preciosas, tais como: - fazer o “Tiro de Guerra”, sem perder o ano escolar; - visitar amigos à tarde, dentre os quais, a maioria era de espíritas generosíssimos, como  Da Celina, a Cléo, minha doce mestrinha de latim, a primeira deficiente visual a se formar em letras no Brasil.

Ainda neste contexto das minhas amizades espíritas, acredite se quiser, eu aludo aqui, também, o suavissímo, Chico Xavier, a quem,  não só por uma vez eu visitara, mas, visitara até com certa frequência, para trocarmos ideias sobre a vida espiritual, tão importante para nós dois; - ainda, também, por inúmeras vezes à tarde, eu peregrinava por conventos e mosteiros, onde amizades, fi-las, abundantemente: - ir João OP, frei Boaventura OP, frei Chambert OP, Dom Sebastião OSB, o monge dentista, a doce Madre  Superiora das Concepicionistas, minha querida amiga Madre Coleta, e tantas outras e outros enfim.
Em Uberaba, conclui a duras penas e muito esforço o curso cientifico em 1960.

Porquanto tudo isto, e um punhado generoso de tantas outras coisas, eu penso que fora uma boa ter estudado à noite.
Dessa querida Uberaba, que para mim transpirava espiritualidade, eu partira, no final de 1960, rumo à Belo Horizonte.



RELMendes 01//05/2017 

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